
Categoria: Artigos
Data: 29/09/2024
IGREJA PRESBITERIANA DO HORIZONTE AZUL
Carta Pastoral
30 de setembro de 2024
Querida Congregação,
Graça e paz da parte de nosso Senhor Jesus Cristo, que reina eternamente sobre os céus e a terra.
Vivemos em tempos de grandes incertezas e aflições. Recentes eventos, como a morte de líderes e contínuos conflitos globais, levantam em nossos corações a pergunta: Até quando, Senhor? Essa mesma questão ecoa nas Escrituras, à medida que vemos o povo de Deus passando por períodos de domínio estrangeiro e opressão. No entanto, a mensagem de Daniel 7 nos traz uma profunda esperança e revela a soberania do nosso Deus sobre os reinos deste mundo.
A Visão Apocalíptica de Daniel
No capítulo 7 de Daniel, o profeta tem uma visão de quatro bestas que emergem do mar, representando grandes reinos e impérios da história humana. A primeira besta, um leão com asas de águia, simboliza o império babilônico, com sua força e poder extraordinários, mas também sua eventual humilhação e restauração, como aconteceu com Nabucodonosor (Daniel 4). Aqui vemos uma lição importante: os reinos humanos podem ser poderosos, mas permanecem sob o controle de Deus, que tem o poder de humilhá-los e restaurá-los conforme Sua vontade.
A segunda besta, um urso, simboliza o império Medo-Persa, conhecido por sua força brutal e conquista de territórios, aqui representados pelas "três costelas em sua boca", que podem simbolizar três grandes conquistas. O terceiro animal, um leopardo com quatro asas e quatro cabeças, aponta para o império Grego-Macedônio, notadamente sob Alexandre, o Grande, cuja expansão foi rápida e feroz.
Mas é a quarta besta, descrita como "terrível e espantosa", com dentes de ferro e dez chifres, que causa mais espanto. Esta besta simboliza o império romano, que dominou grande parte do mundo antigo com poder avassalador e força inigualável. Os dez chifres representam reis ou governantes, e o "pequeno chifre" que surge entre eles e arranca três chifres tem sido interpretado de várias maneiras, desde imperadores romanos até o anticristo, conforme diferentes tradições exegéticas.
Esses detalhes simbólicos indicam que os reinos do mundo podem ser poderosos, mas Deus tem o controle absoluto sobre sua ascensão e queda. O número 10, frequentemente simbólico nas Escrituras, aponta para plenitude ou totalidade, mostrando que o domínio destes reinos é temporário e limitado pelo desígnio divino.
O Juízo de Deus
A visão de Daniel prossegue com a cena de um tribunal celestial, onde tronos são colocados e o Ancião de Dias, uma figura que representa o Deus eterno, assume o trono. O título "Ancião de Dias" sugere não apenas a eternidade de Deus, mas também a sabedoria que advém de Sua existência imutável e eterna. Em Apocalipse 1:14, vemos uma descrição semelhante de Jesus Cristo, o que nos leva a reconhecer que Cristo foi designado como juiz sobre todas as nações.
A pequena arrogância do "chifre pequeno" é, por fim, julgada. O quarto animal é destruído, e seu corpo é queimado, simbolizando o juízo final que recairá sobre os reinos que se opõem a Deus. Aqui, aprendemos que por mais que os reinos deste mundo oprimam o povo de Deus, o juízo divino é certo e inevitável. Nenhuma nação ou governante se mantém fora do alcance do juízo de Deus.
O Filho do Homem e o Reino Eterno
A parte final da visão apresenta uma figura celestial: "um semelhante ao Filho do Homem", que vem nas nuvens do céu. Esta imagem é particularmente importante, pois o Antigo Testamento geralmente reserva a figura de alguém "vindo nas nuvens" a YHWH, o Deus de Israel (Isaías 19:1; Salmos 68:4). Isso nos revela que este "Filho do Homem" é, de fato, uma figura divina.
No Novo Testamento, Jesus se identifica com este "Filho do Homem" por diversas vezes (aproximadamente 84 vezes). Ele é aquele que, no final dos tempos, receberá o reino eterno. Em Marcos 14:62, Jesus declara ao Sinédrio que eles verão o "Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu", referindo-se diretamente a Daniel 7. Isso confirma que Jesus Cristo é o cumprimento desta profecia, o que nos dá a certeza de que Ele voltará para estabelecer o Seu reino.
O domínio que outrora foi dado às bestas é finalmente retirado, e o "Filho do Homem" recebe o reino, que é entregue aos "santos do Altíssimo". Esta é uma mensagem de esperança para todos os cristãos: apesar de estarmos neste momento sob o domínio de governos e nações que nem sempre refletem os princípios de Deus, o reino eterno está reservado para nós. O povo de Deus, simbolizado pelos "santos", reinará juntamente com Cristo.
Aplicações para a Igreja Hoje
Queridos irmãos e irmãs, a mensagem do livro de Daniel é clara: Deus está no controle da história. Cada império que se levantou e caiu ao longo dos séculos, por mais poderoso que tenha sido, o fez segundo a vontade soberana de Deus. Esta visão é um lembrete poderoso de que, não importa quão caótico o mundo possa parecer, Deus tem o controle final.
Assim, à medida que enfrentamos as dificuldades e os desafios de nosso tempo, como guerras, injustiças e crises, devemos nos lembrar de que o juízo de Deus virá. O reino de Cristo será estabelecido de forma plena, e nós, seu povo, seremos parte dele.
Portanto, permaneçamos firmes na fé, confiando no plano soberano de Deus e na certeza de que o reino e o domínio serão dados a Cristo e a nós, os Seus santos. Que essa esperança nos conduza em nossa caminhada, e que vivamos de maneira digna do chamado que recebemos, refletindo a glória de Deus em nossas vidas diárias.
Com orações e amor pastoral,
Sem. Fábio Sarmento de Paula
Igreja Presbiteriana do Horizonte Azul